terça-feira, 6 de outubro de 2009

Alternância de poder e Constituição neles! ! !




Se os militares de outros países,
em outros momentos da história,
tivessem agido como os hondurenhos de agora,

muito horror teria sido evitado

Honduras venceu.
Hugo Chávez perdeu.
Este é o verdadeiro confronto que se trava naquele pequeno país da América Central:
entre o chavismo e o antichavismo.
Todas as armas são válidas contra o bolivarianismo,
essa exótica mistura de esquerdismo velho,
populismo novo e antissemitismo delirante?
A resposta é não.
Só as armas que a democracia representativa oferece e que são,
não por acaso, as mais eficientes contra essa trapaça política.
O único desdobramento, a esta altura improvável,
que daria a vitória ao tiranete venezuelano seria a reinstalação,
com plenos poderes,
de Manuel Zelaya na Presidência
e a realização do plebiscito inconstitucional que detonou a crise.
Era essa a proposta do socialista chileno José Miguel Insulza,
secretário-geral da OEA,
e de Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do PT,
ideólogo e operador do desastrado "Imperialismo Megalonanico",
cruza patética de Gigante Adormecido com Anão Hiperativo.
A despeito de muito sofrimento,
Honduras sairá desta crise com o triunfo de dois princípios.
O primeiro é o da subordinação dos Poderes
a uma Constituição democraticamente instituída.
O segundo é o princípio da alternância do poder.
Os bolivarianos só dão por realizado seu propósito
quando conseguem sabotar esses dois pilares.
Negue-se isso a eles e suas bravatas, suas bandeiras,
suas tropas de choque, seus jornalistas de aluguel vão se desbotando
até sumir na paisagem da própria insignificância.
A pobre Honduras foi o primeiro país a dizer "Não!",
para escândalo das entidades multilaterais,
imensas burocracias repletas de si mesmas
e de antiamericanismo.
A resistência dos hondurenhos nos alerta para o fato
de que a democracia tem direito legítimo à rebelião.
A democracia tem direito de se rebelar contra a mentira,
contra a conspiração bem concertada da "esquerda",
esse chapelão sob o qual se abrigam o latifundiário Zelaya,
o liberticida clássico Robert Mugabe, do Zimbábue,
o coronel Chávez e até ambientalistas e o segundo time vasto dos que
"lutam por um mundo melhor",
desatentos ao fato de que o remédio é muito pior
do que os males que pretendem combater.
Sobre Honduras caiu uma tempestade dessas mentiras.
A mãe de todas elas é a que vê um golpe na destituição de Zelaya.
Só se pode sustentar que houve um golpe em Honduras ignorando-se
o que diz a Constituição daquele país.
Não é por outro motivo que o Plano Arias,
base de um possível entendimento para pôr fim à crise,
já previa a volta de Zelaya à Presidência, mas não ao poder.
O primeiro a reagir contra esse arranjo,
o Acordo de San José, foi Chávez, o chefe de Zelaya.
Reconheça-se que faltou o chamado "devido processo legal"
para retirar do país o presidente deposto.
Mas não faltou para depô-lo.
Um conjunto de artigos da Constituição justifica a deposição,
decidida pela Corte Suprema e executada disciplinadamente pelos militares.
Os militares são um capítulo importante nessa história.
Quando Zelaya deu a ordem aos generais para fazerem o plebiscito
mesmo contra a decisão da Justiça,
eles correram a consultar uma equipe de advogados.
Foram informados de que, ao obedecerem à ordem presidencial
e desafiarem a Justiça, estariam violando a Constituição.
Tivessem os homens de farda cumprido a determinação de Zelaya,
estaria consumado o verdadeiro golpe.
Se os militares de outros países,
em outros momentos da história,
tivessem agido como os hondurenhos de agora,
muito horror teria sido evitado.
O Brasil sai diminuído dessa história.
Em nome da "democracia",
permite que sua embaixada se transforme em base de uma tentativa de levante.
Ao agir assim o Brasil rasgou a Convenção de Viena e a Carta da OEA.
Paradoxalmente, exigiu dos "golpistas" o respeito, que é devido,
à inviolabilidade da representação diplomática.
Ora, é apenas má propaganda exigir de "golpistas"
– que, em o sendo, não teriam compromisso com formalidades –
o respeito às leis, enquanto como país democrático
o Brasil se sinta livre para desrespeitá-las.
O que se desenha é um confronto entre "golpistas decorosos"
e "democratas criminosos"?
Servir a Chávez está enlouquecendo nossa diplomacia.
Reinaldo Azevedo
Revista Veja - 2133

2 comentários:

Odele Souza disse...

Passei para te deixar um beijo e te agradecer por manter aqui o link do blog de Flavia.

sonia disse...

e eu para dizer que foi através de
seu blog, rachel, que conheci o blog da flavia (que desde então acompanho) e passei a admirar odele