sábado, 9 de agosto de 2008

Dia dos Pais - segundo domingo de agosto



Pai Pai, Beijo, Beijo.

Ser pai é acima de tudo,

não esperar recompensas.

Mas ficar feliz caso e quando cheguem.

É saber fazer o necessário por cima
e por dentro da incompreensão.

É aprender a tolerância com os demais
e exercitar a dura intolerância (mas compreensão)

com os próprios erros.

Ser pai é aprender errando,
a hora de falar e de calar.

É contentar-se em ser reserva, coadjuvante,
deixado para depois.
Mas jamais deixar de falar no momento preciso.
É ter a coragem de ir adiante,
tanto para a vida quanto para a morte.
É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho,
fazendo-se forte em nome dele
e de tudo o que terá de viver

para compreender e enfrentar.

Ser pai é aprender a ser contestado
mesmo se no auge da lucidez.
É esperar e saber que experiência

só adianta para quem a tem,
e só se tem vivendo.
Portanto, é agüentar a dor
de ver os filhos passarem

pelos sofrimentos necessários,
buscando ampará-los sem que percebam,
para que consigam descobrir os próprios caminhos.

Ser pai é saber e calar.
Fazer e guardar.
Dizer e não insistir.

Falar firme sem tentar convencer..
Dosar e controlar-se.
Dirigir sem demonstrar.
É ver dor, sofrimento, vício,
queda e tocaia,
jamais transferindo aos filhos

o que lhe corrói a alma.
Ser pai é ser bom sem ser fraco.
É jamais transferir aos filhos

a quota de sua imperfeição,
o seu lado fraco, desvalido e órfão.

Ser pai é saber ir-se apagando
à medida em que mais nítido

se faz na personalidade do filho,
sempre como influência,

jamais como imposição.
É saber ser herói na infância,
exemplo na juventude

e amizade na idade adulta do filho.
É saber brincar e zangar-se.
É formar sem modelar,

ajudar sem cobrar,
ensinar sem o demonstrar,

sofrer sem contagiar,

amar sem receber.

Ser pai é atingir o máximo de angústia

no máximo de silêncio.

O máximo de convivência no máximo de solidão.

É, enfim, colher a vitória exatamente
quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer,
já dele não necessita para viver.

É quem se anula na obra que realizou e sorri,
sereno,
por tudo haver feito para deixar de ser importante.
Mas inesquecível.

Arthur da Tavola

Nenhum comentário: