quarta-feira, 6 de agosto de 2008

"Se tu amas alguém..."



Amor não deveria ser prisão ou dever,

mas crescimento e libertação.

Porem, se gostamos de alguma coisa ou de alguém,

queremos que esteja sempre connosco.

Perda e separação significam sofrimento,

mas não o fim da vida e nem o fim de todos os afectos.

Certa vez entregaram-me um bilhete que dizia:

«Se tu amas alguém, deixa-o livre.»(...)

O que mais identifica um par é o clima que circula entre ambos

alem de palavras e gestos.

A palavra «liberdade» devia de ser a mais presente,

porem é a mais convidada a afastar-se discretamente

e permitir que em seu lugar

assuma um comando a alguma subalterna:

tolerância, resignação, doação adaptação.

Rodando o fosso do castelo, a vilã de todas: a culpa.

Quem deixou sobre a minha mesa um bilhete dizendo

«se tu amas alguém, deixa-o livre»

sabia das coisas,

portanto sabia também o desafio que me lançava.

No mundo das palavras há tantos artificios

quantas são as nossas contradições.

Por isso, conviver é tramar (...),

largar , ter, perder e nunca definitivamente entender

o que - se fossemos um pouco sábios -

deveríamos fazer."
Lya Luft, Pensar é Transgredir

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