segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A fidelidade



A fidelidade não é um valor entre outros,
uma virtude entre outras:
ela é aquilo por que, para que há valores e virtudes.
Que seria a justiça sem a fidelidade dos justos?
A paz, sem a fidelidade dos pacíficos?
A liberdade, sem a fidelidade dos espíritos livres?
E que valeria a própria verdade
sem a fidelidade dos verídicos?
Ela não seria menos verdadeira,
decerto, mas seria uma verdade sem valor,
da qual nenhuma virtude poderia nascer.
Não há sanidade sem esquecimento,
talvez; mas não há virtude sem fidelidade.
Higiene ou moral.
Higiene e moral.
Porque não se trata de esquecer nada,
nem de ser fiel a qualquer coisa.
Nem a sanidade basta, nem a santidade de impõe.
“Não se trata de ser sublime, basta ser fiel e sério.”
Aí está.
A fidelidade é virtude de memória,
e a própria memória como virtude.

"traímos primeiro aquilo de que nos lembramos,
depois esquecemos o que traímos..."

"Ser fiel, para o pensamento,
não é recusar-se a mudar de idéia (dogmatismo),
nem submeter suas idéias a outra coisa
que não a elas mesmas (fé),
nem considerá-las como absolutos (fanatismo);
é recusar-se a mudar de idéia sem boas e fortes razões
e – já que não se pode examinar sempre –
é dar por verdadeiro, até novo exame,
o que uma vez foi clara e solidamente julgado.
Nem dogmatismo, pois, nem inconstância.
Tem-se o direito de mudar de idéia,
mas apenas quando é um dever.
Fidelidade à verdade, antes de tudo,
depois à lembrança da verdade
(à verdade conservada):
este é o pensamento fiel, isto é, o pensamento."

"A fidelidade está subordinada à lei moral;
não a lei moral à fidelidade."

Pequeno tratado das grandes virtudes
André Comte-Sponville
niver Renata

Um comentário:

tek@duarte disse...

Olá, bom dia!!!! Lembrei-me de vc e dei uma passadinha por aqui!!! Bjusss